O QUE É DESOBEDIÊNCIA CIVIL?

14/09/2016 14:13

 

 

Por Kim Jesus.

 

O que você faria se morasse em um país onde o próprio governo tivesse criado uma situação insustentável de submissão e segregação? Gandhi e King viveram nessas condições e ambos conseguiram mudar a situação através de campanhas sem violência de não cooperação.

Ganhdi Gandhi viveu na África do Sul e na Índia, quando estes países faziam parte do Império britânico no tempo em que o racismo institucional predominava e os cidadãos indianos eram tratados como pessoas de segunda classe. Gandhi lutou assiduamente contra o sistema, mas era totalmente contra o uso de violência, portanto, ele seguiu a política de desobediência civil.

Seus adeptos se orientavam através de uma política de resistência às imposições dos ingleses em obedecer as normas e regras impostas, porém, eles nunca lutaram. A proposta da campanha de desobediência civil de Gandhi, era tornar impossível para as autoridades  governar a Índia, até que os britânicos resolvessem sair do comando do país. Esta atitude até que funcionou, mas não sem que milhares de indianos fossem mortos pelos ingleses, na tentativa de permanecer no controle da Índia.

Após a Segunda Guerra Mundial, a Grã-Bretanha completamente debilitada economicamente, e incapaz de controlar o país, à Inglaterra decidiu conceder a Índia a sua independência. A campanha de Gandhi foi bem sucedida.

Nas décadas de 1950 e 60 nos Estados Unidos da América, Martin Luther King liderou uma campanha por direitos iguais, na qual ele obteve uma vitória ética semelhante a de Gandhi.

King encabeçou o movimento para acabar com a segregação racial e com a privação do direito ao voto nos EUA utilizando estratégias similares a de Gandhi. A política institucional de segregação do Sul dos Estados Unidos resultou em uma separação sistemática de afro-americanos dos americanos brancos. Os negros recebiam baixa escolaridade e não podiam compartilhar o mesmo espaço com os brancos, era tudo separado; desde lugares nos ônibus , escolas, boates e restaurantes; a proibições de casamentos entre brancos e afro-americanos.

Assim como Gandhi, King também era contra a violência e usou o método do líder indiano da desobediência civil em sua campanha por direitos iguais dos cidadãos americanos.

A sentada de Greensboro em 1960, é um dos exemplos bem sucedidos da política de desobediência civil. As famosas sentadas de Greensboro começaram no dia 1º de fevereiro de 1960, quando quatro estudantes afro-americanos sentaram-se em um balcão destinado para brancos de uma cafeteria Woolworth em Greensboro. Os jovens não foram atendidos, porém eles puderam ficar. Essa atitude mobilizou os afro-americanos, e no dia seguinte, vinte e oito estudantes foram sentar-se nesse balcão, e no terceiro dia, trezentos. E estas sentada se espalharam por todo o país conforme os afro-americanos sentavam-se em balcões "só para brancos", bancos de parques, cinemas e museus, entre outros lugares.

Ainda que presos, eles nunca lutavam e chamaram atenção aos seus atos através de não-violência. O movimento levou a outras campanhas de não-violência para conquistarem os seus direitos civis, incluindo a marcha de 1963 em Washington na qual mais de duas mil pessoas se dirigiram a cidade de Washington e ouviram o famoso discurso de Martin Luther King, no qual o mesmo dizia: "Eu tenho um sonho. O sonho de que meus filhos sejam julgados por sua personalidade, e não pela cor de sua pele"King discursando em Washington..

Após muita luta, a campanha de Martin Luther King obteve sucesso e no ano de 1964 o governo americano passou o Ato de Direitos Civis, que colocou um fim na segregação em todo o país. E foi seguido pelos Ato de Direitos de Voto, em 1965, que acabou com a restrição de votos dos afro-americanos.

Tanto Gandhi quanto King foram assassinados logo depois do término de suas campanhas, contudo, ambos conseguiram provar que a resistência não-violenta e a política de desobediência civil, eram eficientes para combater as condições sociais e imorais, sem a necessidade de recorrer a métodos e táticas eticamente questionáveis de resistir a violência.

 

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